Nos corredores da Casa Branca, sob o comando de Donald Trump, a frase “Make America Great Again” ganhou contornos de exclusão e desumanidade. Vendida como um apelo patriótico, tornou-se rapidamente um instrumento de práticas políticas que perpetuaram um sistema global de desigualdade. Entre essas, o tratamento brutal de imigrantes, incluindo brasileiros, evidenciou o papel do imperialismo na perpetuação de crises migratórias.
Na noite de 25 de janeiro, um avião cargueiro pousou em Manaus, Brasil, trazendo 88 brasileiros deportados. Homens, mulheres e crianças algemados, acorrentados e submetidos a condições desumanas. A cena chocou o país e lembrou os horrores históricos do tráfico transatlântico de escravizados. Durante mais de 12 horas de voo, essas pessoas foram privadas de dignidade, higiene e alimentação, enquanto suas vozes eram silenciadas por ameaças e violência. Não era apenas uma deportação; era uma mensagem de desrespeito, um reflexo do histórico imperialista que despreza a soberania e a dignidade das nações latino-americanas.
Para entender a crise migratória, é preciso enxergar além das fronteiras e reconhecer o legado colonial que molda as relações entre o Norte e o Sul globais. A imigração clandestina não é uma questão de falta de oportunidades, mas de séculos de exploração, pilhagem de recursos e destruição de estruturas soberanas. A América Latina foi e continua sendo uma região sistematicamente ferida por políticas imperialistas que consolidaram desigualdades econômicas e sociais.
O México é um exemplo gritante dessa dinâmica. Territórios foram tomados, economias foram subordinadas e governos foram cooptados para servir aos interesses norte-americanos. Hoje, como resultado, o México é o maior “exportador” de imigrantes ilegais para os EUA, não porque seus cidadãos escolham partir, mas porque as condições econômicas e sociais lhes foram negadas por um sistema global que privilegia as grandes potências.
O Brasil, mesmo com sua posição de potência regional, também não está imune a essa lógica. Governos latino-americanos enfrentam dívidas impagáveis e uma dependência econômica criada por instituições financeiras internacionais dominadas por potências ocidentais. Essas condições perpetuam a instabilidade que leva milhões a buscar uma vida melhor em outros países, apenas para serem recebidos com violência, rejeição e, em casos como este, deportações desumanas.
A resposta brasileira à deportação de Manaus foi enérgica, com o envio de forças federais para resgatar os cidadãos presos no avião cargueiro. No entanto, essa ação isolada não é suficiente para enfrentar o problema maior. O Movimento em Defesa da Soberania Nacional (MDSN) propôs medidas mais robustas, incluindo a convocação de uma reunião no Conselho de Segurança da ONU e a criação de uma Secretaria de Apoio ao Emigrante. Essas medidas são fundamentais, mas não serão plenamente eficazes enquanto as raízes do problema não forem enfrentadas.
A crise migratória global é um sintoma de um sistema que privilegia o Norte Global à custa do Sul. Para transformar essa realidade, é necessário mais do que políticas reativas. É preciso combater o imperialismo que se manifesta não apenas na economia, mas também nas práticas desumanas de controle migratório. Os aviões cargueiros que cruzam os céus lotados de sofrimento são a evidência física de um sistema que trata seres humanos como descartáveis. A América Latina deve erguer sua voz, exigir respeito e reafirmar sua soberania.
A imigração não é um problema; é a resposta humana à desigualdade. Não é apenas uma busca por esperança, mas uma denúncia viva das feridas históricas que, se não tratadas, continuarão a sangrar.
Alessandro Quadros é empresário no ramo de comunicação e marketing desde 1998, com uma trajetória marcada por inovação e sucesso em diversos projetos de tecnologia. É um firme defensor de uma política nacional que coloque os interesses do Brasil e de sua população em primeiro lugar, buscando promover o desenvolvimento sustentável, a soberania nacional e o bem-estar social.