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Ex-diretor da COPEL requer a Ratinho publicação de estudo de viabilidade técnica e ambiental que justificou venda de 11 hidrelétricas do Estado para particulares.

    Os consumidores, os indígenas e os acionistas da COPEL podem ser prejudicados quanto à não
    obediência a princípios ESG, alerta o executivo. “Essa mania de entregar concessionarias públicas
    a particulares já virou birra ou ideologia, sem apoio na realidade do mercado”, diz Ivo Pugnaloni.
    (13.05.24) DA REDAÇÃO

    O engenheiro eletricista Ivo Pugnaloni, ex-Diretor de Planejamento da COPEL e da COPEL
    DISTRIBUIÇÃO, requereu ao governador Ratinho a publicação dos estudos que convenceram o
    conselho de administração a vender a particulares, doze das dezoito hidrelétricas da empresa. Na
    solicitação Pugnaloni, que há 23 anos é empresário de consultoria em energias renováveis, afirma
    ao governador que operar essas usinas valoriza aCOPEL E não o contrário, como afirma a Diretoria.


    “Segundo a Bloomberg, os investimentos em princípios ESG (Environmental, Social and
    Governance) será de US$ 53 trilhões até 2025; subindo 51% em três anos e que nove em cada dez
    empresários planejam aumentar gastos ambientais. Isso significa juros mais baratos para o
    financiamento da expansão e melhoria da qualidade”
    , afirma. “Em todo o mundo, as hidrelétricas
    são a mais limpa, mais barata forma de gerar energia elétrica, mas de forma permanente, durante
    24 horas por dia, sem necessitar gastos com baterias.


    Pugnaloni afirmou ao governador que as hidrelétricas ajudam na contenção de enchentes, senão
    totalmente, parcialmente. “Infelizmente no Rio Grande do Sul e Santa Catarina, o exemplo do
    Paraná, não vingou, pois optamos por hidrelétricas como base de nossa industrialização, eles
    preferiram o carvão. E deu no que deu”.


    Segundo Ivo, as hidrelétricas salvam vidas e patrimônio todos os dias quando reduzem a
    velocidade de escoamento e permitem regular o encontro das águas na foz dos rios. “Quando não
    existem hidrelétricas em um rio, é como se o semáforo de um cruzamento estivesse apagado e o
    engarrafamento é inevitável. Como os rios não tem paredes nem garrafa, a água sai do leito do rio
    e invade tudo.”


    Em seu ofício, Ivo Pugnaloni lembra ao governador que as hidrelétricas servem ao abastecimento
    de água potável a centenas de cidades brasileiras tais como Salvador, mitigando efeitos de longas
    estiagens. “Hidrelétricas são a única forma de geração que é obrigada por lei a manter áreas de
    preservação permanente em seu entorno. E essas áreas evitam a ocupação e uso irregular do solo
    das margens, bem como a deposição de lixo nos rios. Elas viabilizam a piscicultura, o turismo, a
    educação ambiental, o lazer e a fruticultura irrigada por gotejamento”
    , disse Pugnaloni, diretor da
    ENERCONS, empresa que há 23 anos trabalha no setor.


    “Todas essas vantagens dessas hidrelétricas que hoje a COPEL ostenta no seu portfólio, fazendo
    dela uma empresa ESG, ela poderá perder, e com isso, perder pontos no “ranking” ESG (Ambiental,
    Social e Governança) que regula muito os financiamentos bancários para infraestrutura”.


    Pugnaloni ressaltou que o Paraná, maior acionista da COPEL não pode ignorar os
    compromissos assinados com as populações indígenas do entorno de empreendimentos
    ,
    pois não se tem certeza de que serão cumpridos pelos particulares que ficarem com elas. “Por
    exemplo da Terra Indígena Apucarana, no município de Tamarana, com a Hidrelétrica de
    Apucaraninha de 10 MW”.


    “Em termos de financiamentos para expansão e melhoria, seria um problema se os novos donos
    da Usina Apucaraninha, em busca do lucro fácil, quebrassem o relacionamento de hoje. Por
    exemplo se forem pessoas contrárias aos direitos dos indígenas e da população ribeirinha, seus
    acionistas perderão muitos pontos e no valor venal das ações.”


    Ivo Pugnaloni reconheceu que o governador em diversas oportunidades demonstrou seu interesse
    em estimular o desenvolvimento deste setor de pequenas hidrelétricas por particulares. “Mas
    existem meios muito mais eficientes para ajudar o setor, do que vender usinas que, hoje melhoram
    o “ranking” da COPEL exatamente por serem geridos pela empresa”.


    Formado engenheiro eletricista pela UFPR em 1976, ainda em franca atividade, consultor de mais
    de 110 empresas privadas, Pugnaloni recebeu em 2016 o Diploma e Medalha de Mérito da
    Engenharia Elétrica por relevantes serviços prestados do Conselho Regional de Engenharia e
    Agronomia do Paraná e Menção Honrosa pelo Conselho Federal de Engenharia e Agronomia.


    Do ex-governador José Richa, Ivo Pugnaloni recebeu agradecimento especial por sua atuação na
    simplificação de padrões construtivos das redes rurais de distribuição da COPEL que reduziram
    em 42% os custos das ligações de energia aos pequenos proprietários. Tal fato, segundo José
    Richa, contribuiu para o sucesso do programa CLIC RURAL ampliando de 88.000 para 122.000 as
    famílias atendidas, com efeitos notáveis para a indústria, a agricultura, a avicultura, a suinocultura
    e bovinocultura do Estado do Paraná.


    Pugnaloni criticou o fato da diretoria da COPEL ter chamado de “desinvestimento” o fato de vender
    a particulares suas usinas já amortizadas, que podem gerar ainda por muitas décadas, com tarifas
    muito melhores do que as que recebem hoje, graças ao preço da geração distribuída.


    “Parece que na hora da COPEL lucrar com o que já está pago, querem entregar a única fonte
    renovável que opera permanentemente após às 18 horas, quando a energia solar acaba”.


    “Não podemos esquecer que a palavra ‘Paraná’, significa ‘rio semelhante ao mar’ em tupi. E que
    nós, paranaenses, não ‘demonizamos’ as hidrelétricas, que prestaram, prestam e prestarão
    enormes serviços à economia, ao meio ambienta e à sociedade paranaense, reduzindo os efeitos
    das grandes secas e enchentes que, a cada 11 anos, segundo a hidrologia, afetam nosso estado”.


    “Água doce será um bem estratégico na próxima década. Os senhores conselheiros precisam rever
    sua decisão. Não será nenhuma vergonha reverem sua decisão em face de mais informações por
    exemplo sobre as questões que levanto. Mas será demonstração de maturidade,respeito à técnica
    e à ciência. Inclusive à ciência econômica. Ninguém é obrigado a nascer sabendo tudo.”
    , concluiu.

    *Ivo Augusto de Abreu Pugnaloni é engenheiro eletricista. Foi presidente da COPEL DISTRIBUIÇÃO, e diretor da COPEL SA, do Instituto Estratégico do Setor Elétrico ( ILUMINA), membro da equipe do Instituto CIDADANIA que formulou as “Diretrizes do Setor Elétrico” do candidato Luiz Inácio Lula da Silva em 2002, fundador e primeiro presidente da ABRAPCH, associação brasileira de pequenas hidrelétricas, professor do Centro Federal de Educação Tecnológica do Paraná, Secretário Adjunto de Transportes de Curitiba  e membro do Conselho Estadual de Ciência e Tecnologia. Hoje é presidente da ENERCONS Consultoria em Energias Renováveis.  ivo@enercons.com.br  www.enercons.com.br

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