Política externa de Lula representa paradoxo: não é possível reivindicar neutralidade na guerra se Brasil é aliado extra-Otan e integra Comando Sul dos EUA
O G7 se reuniu em Hiroshima, emblemática ilha japonesa, onde os Estados Unidos mostraram o desejo de obter mais apoio e continuar a guerra na Ucrânia. Porém, não conseguiram convencer o Brasil a mudar sua posição de neutralidade e de formar um grupo de países para mediar a paz. A atitude é correta, de neutralidade e pluralidade, porém, um paradoxo.
Hiroshima é icônica. Uma cidade que, sem ter nenhuma base militar, teve a população civil dizimada por uma bomba atômica jogada em 6 de agosto de 1945, por ordem de Harry Truman, então presidente dos Estados Unidos. Naquele dia, houve 250 mil mortos e feridos em um minuto. As sequelas radiativas duram até hoje, fora os danos materiais, morais e psicológicos.
O Japão, na Segunda Guerra já estava praticamente rendido, não havia necessidade de tal ato. Não satisfeitos, os EUA atiraram uma segunda bomba na cidade de Nagasaki, em 9 de agosto, matando mais de 35 mil pessoas e ferindo outras tantas. Sem necessidade, pois toda a infraestrutura já havia sido destruída por sucessivos bombardeios anteriores.
Foi um experimento genocida para servir de alerta à Rússia, a vencedora sobre o nazifascismo.
Esse crime de lesa-humanidade até hoje não foi punido. Por vergonha na cara, o Tribunal Penal Internacional deveria condenar post-mortem o presidente Truman.
O Japão, que pareceu tão educado para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, deveria cobrar, no mínimo, um pedido de desculpas, já que os danos materiais e humanos são incalculáveis. Nunca o fez porque segue sendo um país ocupado militarmente pelos Estados Unidos. Em Okinawa está o que talvez seja a maior das mais de 800 bases que os Estados Unidos mantêm mundo afora.