25.04.23 TV COPEL É NOSSA (REDAÇÃO)
Ocorreu ontem no fim da tarde na Boca Maldita em Curitiba, a primeira manifestação pública contra a venda do controle acionário da COPEL contando com a presença de pelo menos 320 pessoas dentre parlamentares, líderes sindicais, populares e artistas.
Na ocasião os presentes ajudaram a distribuir jornais e panfletos com dados sobre o processo de venda, apontado como cheio de irregularidades pelos presentes.
Mariana Chagas, em nome da União Paranaense de Estudantes Secundaristas abriu o evento afirmando em seu pronunciamento que o futuro dos jovens depende da luta de hoje contra a venda da COPEL pois a energia barata e acessível a todas as famílias é fundamental para o desenvolvimento econômico e social.
Isis Passos, da Família Passos, fez questão de ressaltar antes da apresentação do conjunto que lidera e que animou a manifestação, que Ratinho não cumpriu sua promessa de campanha e pediu que a sonorização repetisse três vezes o áudio da fala do governador, para que todos escutassem e reproduzissem em suas redes sociais.
Sobre a venda do controle acionário da COPEL, Roberto Requião, que governou por três vezes o Paraná disse em seu discurso que “Privatizá-la seria permitir que um grupo seleto de pessoas sempre lucre à custa do aumento das tarifas, como uma espécie de ‘chupa-cabra’”.
Falando sobre as dezenas de milhares de famílias ainda sem energia elétrica no interior do Paraná e nas periferias das cidades, Requião afirmou que nos anos 80, o ex-governador José Richa, o pai, e ele Requião nos anos 90, executaram grandes programas de eletrificação rural por preço reduzido, que atenderam mais de 200 mil famílias possibilitando a avicultura, a piscicultura e a suinocultura, fixando o homem no campo, impedindo o inchaço das cidades.
“Essas famílias de paranaenses dificilmente serão atendidas se a COPEL for privatizada pois investidores da Bolsa de Nova York, fundos de pensão dos policiais do Estado da Califórnia, não estão nem aí para atendimento do povo e desenvolvimento da nossa economia”.
” Precisamos levar energia barata das nossas hidrelétricas que já estão pagas, para o interior do Paraná. Nosso estado é o maior produtor de energia hidrelétrica e precisamos aproveitar isso e não vender a COPEL para fazer a fortuna de alguém aumentar”
Elogiando a política externa do presidente Lula, Requião (PT) disse que ele está absolutamente certo ao defender um mundo multipolar. Mas reclamou que embora Lula tenha denunciado a maracutaia do decreto de Bolsonaro para ajudar seu pupilo Ratinho a vender a COPEL, o ex-governador lamentou que ele ainda esteja em vigor. Requião fez um apelo a Lula para que revogue esse decreto, pois a venda da Copel é parte do projeto de Bolsonaro. Ele destacou a importância estratégica da empresa para a economia paranaense e para as futuras gerações.
Requião elogiou todos os presentes e a iniciativa das duas Frentes que organizaram a manifestação de ontem, que foram a Frente Parlamentar, formada para atuar na Assembleia Legislativa e nas 399 câmaras municipais e a Frente Popular e Democrática que reúne entidades de trabalhadores e do movimento popular.
O deputado Arilson Chioratto, presidente do PT no Paraná e coordenador da Frente Parlamentar, também atacou duramente a tentativa que Ratinho faz em fazer a Copel deixar de ser uma empresa pública. Segundo ele, os lucros obtidos pela estatal devem retornar à população, em forma de investimentos sociais e obras que beneficiem a comunidade.
A Central Única dos Trabalhadores e a Central dos Trabalhadores do Brasil, representadas por Marcos Killer e Alexandre Hungaro da Silva expressaram sua certeza de que apenas uma Copel pública permite a implementação de políticas públicas e o desenvolvimento de regiões deprimidas economicamente, sendo seguidos nessa afirmação por Deonisio Schmidt da FETEC e Gentil Vieira Couto do Centro de Formação Urbana e Rural Irmã Araújo, CEFURIA.
Mariana Kauchakje dirigente do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto, denunciou que a direção da COPEL determinou o despejo de centenas de famílias carentes, a maioria formada por mães e suas crianças de áreas da empresa na periferia da capital. Denunciou ainda que a companhia fez isso sem dar a menor importância à situação de fragilidade daquelas pessoas humanas, a maioria formada por crianças, muitas ainda de colo. Concluindo afirmou que se já é assim agora, pode-se imaginar como será depois, se a COPEL fosse vendida mesmo.
Os deputados estaduais Requião Filho (PT) e Ana Júlia (PT), ressaltaram a importância de manter a tarifa acessível, evitando o aumento abusivo nas contas de luz que refletiria em aumento generalizado do custo dos alimentos e na inflação. A mensagem de Requião Filho foi clara: “Estou aqui para lutar contra tarifas exorbitantes e o roubo em nossas contas de energia.”
Leandro Grassmann, presidente do SENGE PR, também se posicionou contra a atitude tomada pelo governo estadual com relação à propalada venda da COPEL alertando a todos os presentes que as tarifas de uma empresa privatizada, em todos os países do mundo e em todos os estados do Brasil são muito mais elevadas do que as estatais e que isso inevitavelmente afetará negativamente às indústrias provocando inflação. Alertou ainda para a provável perda da qualidade do atendimento, pois o sucateamento e as demissões de pessoal vão ser inevitáveis, pois é isso que acontece em todo lugar onde ocorre a privatização.
Para Ivo Pugnaloni, que há 20 anos foi assessor técnico do Forum Contra a Venda da COPEL e hoje é um dos Coordenadores de Propaganda da Frente Popular, repete-se hoje como farsa o que o governador Jaime Lerner quis fazer 20 anos atrás.
“A diferença é que Bolsonaro, Coronel Cid, Ratinho e Michelle não se comparam com a formação de FHC, dona Ruth e Jaime Lerner. No caso da COPEL, mesmo ainda não tendo anulado o decreto de Bolsonaro, o Lula, por tabela, já está ajudando nossa luta quando recorre ao STF para anular dispositivo da Lei 14.182 que rouba patrimônio da União ao dar-lhe apenas 10% de poder de voto na ELETROBRÁS mesmo tendo 43% do capital social”
Para Pugnaloni, que é presidente do movimento nacional em defesa da soberania nacional, MDSN, a ação da AGU ajuda muito porque ela é contra o mesmo modelo que Ratinho usou na lei aprovada no dia da estreia do Brasil na Copa do Mundo, “no escurinho do cinema” para ser autorizado a vender a COPEL.
“Nenhum investidor sério e em sã consciência vai querer comprar ações com alto risco jurídico como esse provocado pela inabilidade e afoiteza de Bolsonaro e Ratinho, repetindo o que aconteceu em 2002 quando nenhuma empresa apresentou proposta para comprar a COPEL ao constatar que o povo paranaense estava consciente e unido, determinado a não deixar Lerner vender seu futuro em troca de palavras vãs, ditas por um político que não cumpre nem mesmo suas promessas de campanha. Ainda mais um político que sendo proprietário indireto de empresas que firmaram contratos de concessões públicas de radiodifusão televisiva, destinadas a informar a população, está deixando de divulgar qualquer coisa que seja levemente contrária ou simplesmente noticie essa operação altamente suspeita e nebulosa.”