A Diretoria do Clube de Engenharia enviou uma carta ao presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, manifestando sua preocupação com relação à demora na adoção de uma política de conteúdo local mais efetiva por parte da estatal. O documento, assinado pelo presidente da entidade, Márcio Girão, insta a cúpula da petrolífera a priorizar encomendas à indústria nacional, a fim de estimular o desenvolvimento tecnológico, econômico e social do país, tendo em vista o significativo peso do setor de petróleo para a economia brasileira.
As empresas e a Engenharia brasileiras já demonstraram em passado recente sua capacidade de dar resposta a demandas tecnológicas desafiadoras. Particularmente o setor naval, que soube atender à necessidade de contribuir com o aumento da produção de petróleo e gás com eficiência, sem a qual a estatal não estaria atualmente batendo os recordes de extração no Pré-Sal. O batismo da P-51, em 2008, no estaleiro Keppel-Setal, com a presença do Presidente Lula, mostra que não há desafio que a Petrobras, a nossa Engenharia e os brasileiros não possam superar, tendo em vista o fato dessas instalações cinco anos antes estarem praticamente abandonadas e tomadas por um matagal. “Notabilizou esta experiência ainda porquanto contou com o envolvimento inédito da Estatal Nuclep, usando técnicas de Engenharia avançadas na construção dos flutuadores”, diz trecho da carta enviada ao presidente da Petrobras.
As afirmações do Engenheiro Carlos José do Nascimento Travassos, Diretor Executivo de Engenharia, Tecnologia e Inovação da Petrobras, subestimando da capacidade do mercado brasileiro em cumprir novamente esta missão, motivaram o envio da carta. Mas é uma manifestação que vai ao encontro de outros pronunciamentos que vêm sendo feitos por entidades ligadas a metalúrgicos, engenheiros e representantes da indústria naval, numa articulação em favor da retomada das atividades desse segmento industrial. O potencial do parque fabril, dos centros acadêmicos e de pesquisa e da Engenharia nacionais sempre foram aliados estratégicos em responder aos desafios e à missão da Petrobras e especialmente para alavancar a economia do Estado do Rio de Janeiro. Segundo o documento, “áreas medulares” da estatal vêm mantendo o status quo dos últimos anos e adotando uma linha que subestima a capacidade nacional.
A carta ainda faz menção a documentos recentes do Clube pregando maior ousadia por parte da Petrobras na gestão de sua carteira de projetos, que continua repleta de desafios e cuja superação requer integrar o interesse nacional. Termina com um convite ao Presidente Jean Paul Prates a voltar ao Clube para falar sobre os desafios da Petrobras, além de uma saudação à decisão da empresa de pôr fim à política de Preços Paritários de Importação, na expectativa de ver uma redução expressiva dos custos para o consumidor de gás de cozinha e do diesel.