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Com os juros altos, sonho da casa própria despenca ao menor nível em três anos

    Pesquisa aponta o alto custo do financiamento aliado às incertezas em relação ao emprego e à renda

    Acompanhando a Selic (taxa básica de juros da economia), o juro para o financiamento imobiliário atingiu 11% e, com isso, o número de brasileiros esperançosos de adquirir a casa própria despencou. Uma amostragem colhida pela pesquisa Raio-X FipeZap+ aponta que o número de famílias que pretendiam adquirir imóvel novo ou usado no primeiro trimestre deste ano caiu ao menor nível em três anos.

    O índice se baseou na intenção de compra de usuários dos portais de venda de imóveis Zap+ e Viva Real. Desses, apenas 40% pretendiam adquirir um imóvel nos próximos três meses. O resultado está quatro pontos abaixo do último trimestre de 2022 (44%).

    O alto custo dos financiamentos imobiliários, que acompanham a taxa básica de juros da economia – atualmente em 13,75% – é uma das razões apontadas pelo economista Alison de Oliveira, coordenador do índice e pesquisador da Fipe. Além disso, ele aponta a insegurança no mercado de trabalho.

    A taxa média anual do empréstimo direcionado para imóveis estava em 11% em março, a maior desde 2016. Com os juros elevados e o orçamento apertado,8 fica difícil comprometer 30% da renda com o financiamento da casa própria. O endividamento e a inadimplência nas alturas – que fazem com que as famílias não tenham espaço no orçamento para o consumo ou planejar a aquisição do imóvel – contribuem para agravar esse cenário.

    O registro de compra e venda de imóveis nos cartórios vem em trajetória de queda desde fevereiro do ano passado.

    A Câmara Brasileira da Indústria da Construção Civil (CBIC) projeta queda de 30% na quantidade de unidades novas financiadas no primeiro trimestre deste ano em relação ao mesmo período de 2022.

    “Nossa preocupação é que essa projeção de 30% de queda seja conservadora. Há possibilidade de que tenha sido maior no fechamento do trimestre”, diz o presidente da entidade, José Carlos Martins, à reportagem do Estadão.

    Defensor da redução dos juros, Martins acrescenta que a Selic elevada tem um efeito indireto nos recursos da caderneta de poupança que são usados para financiamentos.

    “Gera-se uma sequência de redução de atividade: os bancos ficam mais restritivos no financiamento e as empresas, com medo de lançar novos projetos e não conseguir vender”, afirma. “O momento do mercado imobiliário hoje é de redução de atividade”,

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