Nesta terça-feira (11), as centrais sindicais lançaram nota conjunta alertando para a necessidade de manter a Avibras, reconhecida empresa do setor de Defesa, sob o controle do capital nacional.
“A venda da principal fabricante de material bélico pesado do país representa grave ameaça à soberania nacional, com perigosa transferência de elevada tecnologia para capital privado internacional. Como forma de interromper esse processo, é necessário que o Governo Federal proíba a venda da Avibras”, afirmaram as centrais em nota.
A Avibras responde por 25% do mercado mundial entre os itens que produz, que incluem mísseis, lançadores de foguetes, veículos blindados, bombas inteligentes, sistemas de comunicação por satélite e veículos aéreos não tripulados (Vant). A empresa está em recuperação judicial pela segunda vez.
Fundada há 60 anos por um grupo de engenheiros do ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica), a Avibras é conhecida por desenvolver tecnologias inovadoras em sistemas de artilharia, incluindo o AV-LMU, blindado com múltiplas barragens para lançamento de foguetes, e o ASTROS II, um sistema de foguetes e mísseis que é considerado um dos mais avançados do mundo. A empresa também desenvolveu uma variedade de mísseis guiados, incluindo o Míssil AV-TM300, que é capaz de atingir alvos aéreos e terrestres e possui alcance de 300 km, segundo a empresa.
“A Avibras, indústria bélica reconhecida mundialmente pelos produtos e sistemas que desenvolve nas áreas aeronáutica, espacial, eletrônica, veicular e de defesa está sendo negociada com empresas da Alemanha (Rheinmetall) e Emirados Árabes (Edge Group)”, diz o documento das centrais.
“O Brasil deve investir em alta tecnologia e não abrir mão dela. É uma perigosa transferência de tecnologia de Defesa para empresas estrangeiras. A capacidade de produção de armamentos e equipamentos do setor, como mísseis, lançadores de foguetes, veículos blindados, bombas inteligentes, sistemas de comunicação por satélite e Veículos Aéreos Não Tripulados devem ter o controle brasileiro”, continua.
Para as centrais, a venda da empresa para o capital estrangeiro é uma ameaça à soberania nacional. “Com a venda, a empresa compradora levaria para o seu país de origem essa alta tecnologia. Já o Brasil, se quiser manter seu programa de Defesa, seria obrigado a buscar ferramentas e equipamentos no exterior”.
“Diante desse quadro que se desenha, as centrais sindicais reivindicam a intervenção do Governo Federal no sentido de proibir a venda dessa indústria. Também é necessário defender o emprego dos 1.400 trabalhadores, assim como garantir o pagamento dos salários atrasados”, conclui a nota.
De acordo com matéria do Estadão, o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, e o economista Luciano Coutinho se reuniram, na quarta (5), com João Carvalho Leite, presidente da Avibras, para pedir que a empresa seja mantida sob controle de capital nacional diante das investidas de grupos estrangeiros.
Coutinho foi destacado, há um mês, para fazer um estudo de políticas de incentivo ao setor de Defesa, cuja estruturação e implementação estarão a cargo do BNDES.