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Após 100 dias, Lula quer ‘obras a todo vapor’ para estimular o emprego local

    Sem citar juros, presidente disse que “o dinheiro tem que circular”, para estimular a criação de renda, emprego e consumo. “É essa coisa fácil que todo mundo sabe, mas não faz”

    “Otimista” e “mais experiente” após completar 100 dias do seu terceiro mandato, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que a partir de agora a prioridade do governo é retomar as obras paradas e lançar um novo plano de investimentos em infraestrutura. “Se fazer política social nos primeiro três meses foi importante, agora a obsessão é gerar empregos. E gerar emprego significa fazer a economia crescer”, afirmou o presidente em entrevista ao programa A Voz do Brasil.

    O novo programa, ainda sem nome, se inspira no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), lançado em 2007. Desta vez, além dos investimentos diretos e do financiamento público, o governo deve apostar também nas parcerias público-privadas (PPP). Assim, como ocorreu anteriormente no PAC, Lula quer que as empresas escolhidas para executar as obras contratam trabalhadores locais.

    “Vamos repetir isso, tentando convencer a boa política de fazer com que o trabalhador tenha emprego perto de casa, para que não tenha que pegar dois, três, quatro ônibus para ir trabalhar. Se a empresa contratar na própria comunidade, a gente vai facilitar a vida do trabalhador. E assim a gente cria uma nova turma de profissionais para fazer com que a cidade, a comunidade, a vila, se desenvolvam.”

    Ele destacou que esse programa vai ser implementado em diálogo com estados e municípios. Atualmente a Casa Civil analisa as demandas de governadores e prefeitos sobre as obras que consideram prioritárias em suas regiões. “Em maio, a gente vai chamar os governadores outra vez para dizer quais as obras nós vamos tocar em cada estado.”

    “Fazer a roda gigante da economia voltar a girar”

    Na entrevista, Lula não tratou diretamente das altas taxas de juros no país. Mas destacou o retomada das políticas de financiamento agrícola, como o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e o Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae). Também destacou a necessidade de estabelecer políticas de crédito para cooperativas, além de pequenos e médios empreendedores. De acordo com o presidente, o “dinheiro tem que circular”.

    “Esse dinheiro tem que gerar mais riqueza. Gerando mais riqueza, tem que gerar mais emprego. E assim vai gerar mais salário, que significa mais renda e consumo. É essa coisa fácil que todo mundo sabe, mas não faz. E nós temos que fazer. Fazer a roda gigante da economia voltar a girar”.

    Ele também destacou o impacto econômico do fortalecimento das políticas sociais, como a ampliação do novo Bolsa Família, por exemplo. Mas tão importante quanto os recursos investidos, Lula destacou condicionantes do programa. “Por isso que dissemos que se a pessoa que recebe não colocar o filho na escola, vai perder o Bolsa Família. Se não levar os filhos para vacinar, também. Se a mulher que está gestante não fizer os exames que a medicina exige, ela também perde. Isso é punição? Não, isso é educação.”

    Viagem à China

    Lula embarca nesta terça-feira para a China. O intuito da viagem, segundo ele, é “consolidar” as relações com o gigante asiático, maior parceiro comercial do Brasil. O presidente afirmou que as relações com os chineses ficaram “amortecidas” desde o golpe do impeachment contra a ex-presidente Dilma Rousseff. Sem citar nomes, disse que seu antecessor – Jair Bolsonaro – “não entendia nada de política externa”. Um dos objetivos do governo Lula é retomar o “protagonismo internacional”, nas palavras do presidente.

    Além de ampliar a exportação de produtos primários aos chineses, Lula citou que também quer oferecer produtos mais avançados, e citou os aviões da Embraer. Mais do que isso, o presidente quer atrair investimento chinês para novos projetos.

    “O que nós queremos é construir uma parceria com os chineses. Queremos fazer sociedade com os chineses para fazer investimentos em coisas que não existem. Uma nova rodovia, uma nova ferrovia, uma hidrelétrica, por exemplo”. 

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