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PCdoB, 101 anos, um partido indispensável às lutas dos trabalhadores e do povo

    Por José Reinaldo Carvalho (*)

    Os comunistas comemoram neste dia 25 de março, o 101º aniversário da fundação do Partido Comunista do Brasil.
    Nesta ocasião é importante ressaltar a sua trajetória, a marcante contribuição nas conquistas históricas do povo brasileiro, os valores pelos quais luta e os seus principais objetivos. A fundação do Partido Comunista foi acontecimento de sentido histórico, que assinalou o começo de uma nova era para o movimento operário-popular revolucionário brasileiro.

    O Partido Comunista do Brasil é uma organização política revolucionária, de classe, não se limita às lutas conjunturais. Seus objetivos consistem em revolver a sociedade desde as suas entranhas, superar revolucionariamente o capitalismo, o que significa, no âmbito nacional, derrubar do poder as classes dominantes retrógradas.

    Por óbvio, o partido atua no curso dos acontecimentos políticos e tem consciência de que o curso da luta é feito por caminhos sinuosos, atravessando ínvias encruzilhadas, enfrentando inauditos desafios e vencendo dificuldades. É fundamental a acumulação revolucionária de forças, a criação das condições propícias para as rupturas radicais.

    Nesse sentido, reveste-se de grande importância a luta política concreta, feita por miríades de batalhas democráticas, pelo progresso social, a independência nacional, sempre com a mirada voltada para o futuro socialista. Esta luta expressa-se hoje na grande batalha pelo êxito do governo do presidente Lula, no enfrentamento à extrema-direita, no resgate da democracia e da questão social, na promoção do desenvolvimento nacional e consolidação da independência do país em um mundo turbulento e instável, sob a ofensiva do fascismo e das ameaças de guerra do imperialismo estadunidense.

    O papel dos comunistas em tal conjuntura política, é contribuir para que prevaleça a correta orientação política. Os comunistas têm muito a dar também, valendo-se de sua rica experiência política, à unidade das forças democráticas e progressistas, à mobilização e organização do povo, indispensáveis nos embates de hoje e dos que se avizinham.

    Nesse mister, os comunistas dão provas de amadurecimento. O engajamento total na campanha de Lula em 2022 e agora a participação em seu governo, superam tendências – que foram marcantes entre 2018 e finais de 2021 – de diluição das forças de esquerda em uma frente que se dizia ampla, mas era estreita porquanto portava consigo o vírus do antilulismo, do antipetismo, do anticomunismo disfarçado e a negação da polarização política. As condições objetivas do curso político serviram como sinal de alarme e tê-lo escutado permitiu um salto na ação tática dos comunistas.

    Que as comemorações do 101º aniversário inspirem os comunistas brasileiros a enfrentar os grandes desafios do momento, aproveitando as novas oportunidades que se apresentam. O ambiente de conquistas políticas após a vitória de Lula favorece o crescimento das fileiras comunistas, sua ligação com as amplas massas populares, a elevação do nível da organização partidária e a preparação para as batalhas eleitorais vindouras – 2024 e 2026. Por outro lado, as pressões do capital financeiro, da mídia empresarial, da extrema-direita e de setores ponderáveis no Congresso Nacional, revelam que Lula e o conjunto da esquerda não terão facilidade para governar e mudar o país, o que aumentará a responsabilidade dos comunistas.

    Desafio supremo é a elevação do nível político e ideológico do Partido, a defesa da sua existência e o combate às tendências malsãs, eivadas de oportunismo de direita e liquidacionismo. Foi uma grande vitória ter isolado política e ideologicamente no final de 2021 os defensores da extinção do Partido e a diluição dos comunistas no seio de uma agremiação qualquer de centro-esquerda.

    A ação política tática e a perspectiva estratégica são inseparáveis, como é inseparável a presença convergente do Partido em todas as frentes, inclusive no Parlamento e no governo, lado a lado com outras formações políticas progressistas, da defesa da sua identidade e independência política, ideológica e orgânica. Nada justifica a negação do Partido Comunista nem a tolerância com tal expressão de oportunismo e liquidacionismo.

    Na realização de suas lutas imediatas o povo brasileiro precisa da perspectiva de transformação profunda da sociedade. O instrumento político, ideológico e orgânico para realizá-la é o Partido Comunista, portador de uma teoria científica e um programa revolucionário, sem os quais a revolução e o socialismo são uma quimera.

    “O Programa socialista do Partido Comunista do Brasil é uma grande bandeira de combate em prol da transformação radical da sociedade brasileira em crise permanente, a proposta correta para eliminar a dependência do país aos monopolistas estrangeiros e acabar com o domínio das forças reacionárias sobre a nação, o meio eficaz de liquidar as injustiças sociais, terminar com a fome e a miséria que crescem aceleradamente no pólo oposto ao do enriquecimento fácil de uma minoria de privilegiados e corruptos”, dizia o texto do programa partidário elaborado sob a liderança de João Amazonas na 8ª Conferência Nacional em 1995 e aprovado no 9º Congresso em 1997.

    O mesmo texto assinala que “a conquista do socialismo é um caminho de árdua disputa com as classes retrógradas que dominam o país”.
    Ali tomava forma uma concepção tática e estratégica, da qual nunca devemos afastar-nos: “O caminho para o socialismo passa pela realização de inúmeras batalhas em diferentes níveis com a ampla participação do povo. Não pode ficar restrito à esfera da propaganda revolucionária. É indispensável atuar no curso dos acontecimentos políticos cotidianos. Defendendo as idéias socialistas, para esclarecer e educar os trabalhadores e as massas populares, os comunistas estarão presentes nos pequenos e nos grandes combates que envolvam o povo, sejam por motivos políticos, sejam por reivindicações econômicas e sociais”.

    Aquele documento programático destaca ainda que a “tarefa de primeiro plano para alcançar o socialismo é a construção de um forte Partido Comunista, ligado às massas, em particular à classe operária. A fim de cumprir sua missão histórica, o PCdoB precisa multiplicar sua força militante, ampliar sua influência política em todos os setores de atividade, aprofundar os conhecimentos teóricos, aprender da experiência positiva e negativa do socialismo na ex-URSS e em outros países. O Partido deve colocar-se à altura do Programa Socialista que apresenta aos trabalhadores e ao povo”.

    (*) Membro do Comitê Central e da Comissão Política Nacional do Partido Comunista do Brasil

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