Para Sérgio Nobre é preciso protestar contra a alta de juros que impede o crescimento do país e a geração de empregos. Atos serão realizados nesta terça-feira (21) em todo o país. Confira e participe!
O presidente nacional da CUT, Sérgio Nobre, convoca trabalhadores e trabalhadoras e toda a sociedade brasileira para ir às ruas, nesta terça-feira (21), exigir a redução da taxa básica de juros (Selic) praticada pelo Banco Central (BC), de 13,75% ao ano – a mais alta do mundo. (Veja abaixo onde vai ter ato).
Os juros altos favorecem apenas os mais ricos e parte da classe média alta que tem algum dinheiro aplicado no sistema financeiro, explica Sérgio Nobre, que ressalta: “Os protestos são fundamentais para pressionar a direção do BC, comandada por Roberto Campos Neto, indicado por Jair Bolsonaro (PL), a baixar os juros que estão travando o crescimento econômico, impedindo a geração de empregos”.
Todos os brasileiros de classe média e pobres são afetados pelos juros exorbitantes. Por isso, é importante que todos participem dos atos, alerta Sérgio Nobre.
“Todo mundo tem um amigo, um parente desempregado e essa penúria que o trabalhador vem passando tem tudo a ver com os juros altos que impedem as empresas de investir e o próprio governo de promover programas sociais e fazer obras como abrir novas estradas, consertar as que precisam de reparos, entre outras que geram milhares de empregos”, pontua o presidente nacional da CUT.
Sérgio explica ainda que é preciso ir às ruas amanhã por que não é possível o Brasil deixar de crescer por causa de uma taxa de juros fora da realidade em desacordo com os demais países do mundo.
O presidente da CUT nacional se refere a uma coincidência: os atos serão realizados no primeiro dia da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), órgão ligado ao Banco Central, que vai reavaliar a taxa Selic, entre a terça e a quarta-feira desta semana.
Os atos contra a alta taxa de juros do Brasil estão sendo promovidos pela CUT e demais centrais sindicais – Força Sindical, CTB, UGT, CSB, NCST, CSP Conlutas, Intersindical, A Pública -, além dos movimentos populares – Povo Sem Medo (PSM) e Frente Brasil Popular (FBP).
Mas o que eu tenho a ver com isso?
A taxa de juros é usada no mundo todo para combater a inflação. Mas esse mecanismo só funciona quando a inflação é causada por demanda, ou seja, porque a população está comprando mais do que é produzido e este não é o caso do Brasil, já que o consumo vem caindo porque o povo não tem dinheiro pra gastar e o endividamento das famílias batendo recorde.
É a partir da Selic que os bancos praticam seus próprios índices sobre empréstimos oferecidos a empresas e pessoas físicas, o cartão de crédito rotativo, as prestações da casa própria e de outros financiamentos. Como o crédito está muito caro as empresas também ficam sem condições de contrair empréstimos para expandir seus negócios e gerar empregos.
Como o Banco Central se tornou independente do governo federal, numa decisão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), com aprovação do Congresso Nacional em 2021, o atual governo não tem ingerência sobre as decisões do BC, apesar das críticas de Lula ao alto índice da taxa de juros. Uma pesquisa da Genial/ Quest apontou que 76% dos entrevistados dizem que o atual presidente acerta em combater os juros altos no Brasil.
Além de já pagarem caro aos bancos, a população perde ainda bilhões de reais anualmente em investimentos sociais porque o governo federal também paga pelos juros altos devidos aos empréstimos que possui com a venda de títulos públicos. Isso acontece porque cerca de 40% da dívida pública é indexada à taxa Selic.
Para se ter uma ideia de investimos sociais que poderiam ser feitos, a redução de apenas 0,5% da taxa de juros faria o governo ter à disposição mais R$ 17 bilhões, o que equivale a um ano de Minha Casa Minha Vida e Farmácia Popular.
Segundo artigo da economista Mônica de Bolle, da Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos, ao subir a taxa de juros de 2%, no início de 2021, para 13,75%, em agosto de 2022, o Banco Central fez com que a despesa do governo com a dívida pública saltasse de 2% do PIB para 10% do PIB, ou de R$ 135 bilhões para R$ 920 bilhões por ano. A maior parte deste dinheiro (53,6%) vão para instituições financeiras e fundos de investimentos.
De maneira geral os juros altos travam a economia pois sem investimentos, a produção cai e o desemprego sobe.