Viva a unidade em torno do 8 de março!
Em 26 de fevereiro de 1909 em Nova York uma passeata com 15 mil mulheres, protestou pela primeira vez na História por melhores condições de trabalho para operárias do sexo feminino, na época, como hoje, ainda muito piores do que as dos homens.
Em outubro de 2010, na Dinamarca, durante a Segunda Conferência Internacional das Mulheres Socialistas, Clara Zetkin, uma líder socialista alemã, propôs e foi aprovado, um calendário anual de ações políticas especialmente dedicadas à situação das mulheres.
Em razão dessa proposta, em vários países do mundo, já em fevereiro de 1911, ocorreram várias mobilizações chamando a atenção dos trabalhadores para a situação especialmente difícil, arriscada e cruel em que viviam as operárias.
Essas mulheres, eram muitas vezes, como ocorre ainda hoje, o único ser humano adulto a cuidar de famílias inteiras, com muitas crianças, sem qualquer assistência dos governos face à miséria, às doenças e a viuvez.
Na época, é bom lembrar, nesse 8 de março de 2023, quando o mundo está novamente a porta de um conflito mundial, uma das principais causas da miséria generalizada era a sucessão de guerras que empurravam dezenas de milhões de avôs, pais, maridos, irmãos e filhos maiores para morrer nos campos de batalha.
Afinal era necessária “carne de canhão”, para alimentar as guerras que o sistema capitalista usa, até hoje, como maneira de apropriar-se de novos territórios, resolver seus conflitos internos e principalmente: “criar mercado” para a sua indústria armamentista.
Sem esquecer claro, quantas viúvas, noivas e órfãos terá deixado a fase de expansão do capitalismo em suas fases colonialista e imperialista, demandando multidões de marujos, navegantes, soldados, imigrantes sendo arrancados de suas famílias.
Às quais restaram apenas as lágrimas, de que fala Fernando Pessoa, em “Mar Salgado”.
Tudo para que os capitalistas dos Estados Unidos, da França, Inglaterra, Holanda, Portugal, Alemanha, Bélgica e Espanha dominassem a América Latina, a Índia, a China, o Sudeste Asiático, quase toda a África, escravizando os povos desses países. E deixando cada vez mais sós, com suas famílias, as valentes e sempre presentes, mulheres, a cuidar da prole, com todas as suas forças.
Viúvas, filhas e netas solteiras e órfãs, tornavam-se assim, presas fáceis de contratos de trabalho extorsivos e totalmente sem proteção do Estado. E por isso, mais exploradas ainda do que foram seus pobres maridos, pais e irmãos que morreram sem nenhuma razão.
Frente a essa situação, no dia 8 de março de 1917, em São Petersburgo e outras cidades da Rússia e do mundo, centenas de operárias saíram às ruas em marchas organizadas para denunciar a fome, a miséria e o morticínio causados pela Primeira Guerra Mundial.
Elas foram severamente reprimidas pela polícia e acusadas pelo governo provisório como “traidoras do esforço de guerra nacional” e o episódio terminou sendo um dos que contribuíram para a segunda Revolução Russa.
Por isso a partir de 1917, o movimento dos trabalhadores a nível internacional adotou o 8 de março, como o Dia Internacional da Mulher e as comemorações e passaram a ser realizadas no mesmo dia em vários países. Tudo para lembrar a vida dura das mulheres trabalhadoras a toda a sociedade, e não apenas nos sindicatos, nos partidos e nas organizações beneficentes de auto assistência operária e camponesa, mas em igrejas, escolas, universidades, locais de trabalho e de convivência.
Afinal, por mais incrível que pareça, ainda é preciso lembrar, neste 2023, depois de 108 anos transcorridos do primeiro 8 de março, que ainda é dever de todos nós erradicarmos a violência, os abusos, a discriminação e a desigualdade sistemática e estrutural contra as mulheres.
Prova disso, no Brasil, não esqueçamos, a espionagem exercida por uma nação amiga estrangeira contra a nossa Presidenta da República, visando sua derrubada que foi promovida por um presidente negro que ganhou o Prêmio Nobel da Paz.
Entre outras razões, pela sua “defesa dos direitos das mulheres”.
Não esqueçamos ainda que no mesmo ano, a presidenta Dilma foi vítima de um golpe midiático-legislativo e judicial, violando não apenas seu mandato, mas travestido de “impeachment”, cuja votação na Câmara de Deputados não conseguiu esconder o caráter altamente misógino e machista, das declarações de voto. Inclusive de algumas deputadas golpistas.
Enorme e visível era raiva indisfarçável que carregava todas as palavras dos parlamentares golpistas e suas colegas. Tudo para conseguirem, finalmente, tirar do poder, a uma mulher que havia ousado vencer por duas vezes, uma eleição presidencial.
O Movimento em Defesa da Soberania Nacional – MDSN, entidade suprapartidária, nesse dia, quando tanta violência e discriminação ainda é praticada no Brasil contra as mulheres, defende que seja reforçada cada vez mais, a unidade inquebrantável que deve existir para defender os direitos das mulheres ao exercício integral não apenas à cidadania, mas à própria vida. E com especial vigor e relevância, os direitos da população feminina de origem negra e indígena, por serem as mais sacrificadas ainda.
Que nunca deixemos ninguém esquecer que sem as mulheres, não existiria a própria geração e a continuidade da vida humana sobre a Terra.
E que portanto, discriminar ás mulheres que geram, amamentam e protegem a vida, não deixa de poder ser considerado, um dia, como uma forma sutil mas direta, de genocídio.