Ministra da Ciência e Tecnologia defendeu que o Brasil volte a ter o papel de “protagonista” após o “desmantelamento” ocorrido durante o governo Bolsonaro
A ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, informou nesta terça-feira (28) que o Brasil quer em seis meses começar a construir um novo satélite do Programa de Satélites de Recursos Terrestres (CBERS) com a China. A declaração foi dada ao portal Sputnik Brasil.
“Nossa esperança é começar a construir o CBERS-6 nos próximos meses. Isso é essencial para fortalecer nossas agências de monitoramento da Amazônia e realizar estudos climáticos”, disse a ministra.
A ideia, afirmou Luciana Santos, é que o Brasil volte a ter seu papel de “protagonista” após o “desmantelamento” ocorrido durante a administração anterior.
“Estamos colocando o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação como protagonista das políticas públicas de ciência do governo federal, recuperando seu papel de indutor do desenvolvimento científico e tecnológico do país […] ao chegarmos ao Ministério, vimos o desmonte de políticas e o completo isolamento dos atores que integram o Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação”, declarou a ministra do MCTI.
SATÉLITE SINO-BRASILEIRO
O CBERS é um programa de cooperação tecnológica entre China e Brasil para a produção de uma série de satélites de observação da Terra, que teve sua assinatura em 6 de julho de 1988 e o primeiro lançamento do satélite CBERS-1 em 1999.
Até o momento, a parceria já produziu quatro satélites, sendo o último lançado em 2019. O CBERS 5 e 6 estão encomendados, sendo o citado pela ministra o de número 6.
O Programa nasceu de uma parceria inédita entre Brasil e China no setor técnico-científico espacial. Com isso, o Brasil ingressou no seleto grupo de países detentores da tecnologia de geração de dados primários de sensoriamento remoto.
Um dos frutos dessa cooperação foi a obtenção de uma poderosa ferramenta para monitorar seu imenso território com satélites próprios de sensoriamento remoto, buscando consolidar uma importante autonomia neste segmento.
O Programa CBERS contemplou num primeiro momento apenas dois satélites de sensoriamento remoto, CBERS-1 e 2. O sucesso do lançamento pelo foguete chinês Longa Marcha 4B e o perfeito funcionamento do CBERS-1 e CBERS-2 produziram efeitos imediatos.
Ambos os governos decidiram expandir o acordo e incluir outros três satélites da mesma categoria, os satélites CBERS-2B e os CBERS-3 e 4, como uma segunda etapa da parceria Sino-Brasileira.
Mediante o sucesso do lançamento do CBERS-4, Brasil e China resolveram assinar um novo protocolo complementar para fabricação de um novo satélite do Programa CBERS: O CBERS 04A.
AVANÇOS CIENTÍFICOS
A família de satélites de sensoriamento remoto CBERS trouxe significativos avanços científicos ao Brasil. No país, praticamente todas as instituições ligadas ao meio ambiente e recursos naturais são usuárias das imagens do CBERS.
Suas imagens são usadas em importantes campos, como o controle do desmatamento e queimadas na Amazônia Legal, o monitoramento de recursos hídricos, áreas agrícolas, crescimento urbano, ocupação do solo, em educação e em inúmeras outras aplicações.
Também é fundamental para grandes projetos nacionais estratégicos, como o PRODES, de avaliação do desflorestamento na Amazônia, o DETER, de avaliação do desflorestamento em tempo real, e o monitoramento das áreas canavieiras (CANASAT), entre outros.