Os riscos para a atividade econômica, o aumento da inadimplência e os sinais de maiores dificuldades financeiras enfrentadas por empresas são alguns dos pontos destacados pela Folha de São Paulo sobre os desafios à convicção do Banco Central de manter o atual patamar de juros.
Segundo a matéria, para alguns economistas, “os indícios mais recentes justificam uma reavaliação de cenário pelo BC, de forma a antecipar o corte de juros com o objetivo de estabilizar a atividade, mesmo com a inflação ainda longe da meta”. Já para outros, “o risco fiscal —traduzido na expansão de despesas e na ausência de diretrizes concretas sobre o novo arcabouço de gastos— e a inflação resiliente ainda falam mais alto e inspiram cautela, justificando a manutenção da política monetária pelo BC”.
A alta taxa de juros praticada hoje no Brasil, com Selic de 13,75% ao ano, foi alvo de duras críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e o próprio o Ministério da Fazenda passou a emitir alertas sobre a possibilidade de uma crise de crédito no país. O governo federal estuda lançar mão de “políticas compensatórias”, ainda sem maiores detalhes.
Ainda destacado pela publicação, “o próprio BC tem feito considerações sobre a desaceleração das concessões de crédito e da atividade econômica e sobre a alta na inadimplência nas atas das reuniões do Copom (Comitê de Política Monetária) desde outubro do ano passado”, além de conversar sobre o tema com integrantes do mercado financeiro, e o “Comef (Comitê de Estabilidade Financeira), instância do BC focada na prevenção de riscos sistêmicos, também citou em relatório de novembro a existência de ‘incertezas a serem acompanhadas’”.
De um lado, há os defensores de que “independentemente de eventual mudança na meta de inflação, a autoridade monetária pode ser levada a cortar os juros num cenário em que a piora da economia torna o ‘custo da desinflação’ demasiadamente elevado”. Mas por outro, há quem enxergue o mérito na discussão do tema, uma vez que “a atividade econômica está fraquejando, temos uma crise de crédito latente e o real vem se valorizando”, e que caberia ao Banco Central atuar para estabilizar a economia.