O Aumento anunciado pelo governo federal está abaixo do que defende o movimento sindical e da promessa de campanha.
O anúncio do novo salário mínimo feito pelo presidente Lula, nesta quinta-feira (16), foi visto como positivo pelas centrais sindicais por acenar na direção da retomada da valorização do mínimo brasileiro. Contudo, os sindicalistas criticam que o valor de R$ 1.320 está aquém da proposta defendida pelas centrais (R$ 1.343,00) e das necessidades do povo no momento atual.
Em nota, Miguel Torres, presidente da Força Sindical declarou apoio à aprovação urgente da retomada da Política de Valorização do Salário Mínimo, mas ressaltou que a proposta das centrais para o salário mínimo em 2023 é de R$ 1.343,00, considerando a estimativa da inflação de 2022 somado ao PIB de 2021. “Valorizar o piso nacional é uma ótima oportunidade de o governo federal demonstrar sensibilidade social e contribuir para distribuir renda e diminuir as desigualdades no país”, disse Torres.
“A Política de Valorização do Salário Mínimo que vigorou entre 2007 a 2019, instituída a partir de negociação entre o movimento sindical brasileiro e o governo federal, tem um enorme alcance como política pública, atingindo milhões de pessoas entre assalariados e de outros beneficiários de políticas sociais”, continuou o presidente da Força.
No mesmo sentido, o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Sérgio Nobre, afirmou em nota que a medida faz parte da tentativa do governo Lula reparar o desmonte orquestrado pelos governos Temer e Bolsonaro, mas enfatizou que o valor não é o esperado e nem suficiente. “O salário mínimo valorizado é o maior instrumento para se diminuir a desigualdade social, apontar para o crescimento do país e remunerar corretamente a força de trabalho.[…] A retomada do crescimento econômico só se dará com uma política consistente de valorização salarial. É a força dos trabalhadores que movimenta a economia brasileira”.
Sérgio enfatizou que os cálculos apresentados pelo Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (DIEESE) mostram que, se o Programa de Valorização do Salário Mínimo não tivesse sido interrompido, hoje o valor do salário mínimo deveria ser de R$1.382,71. “O valor mínimo que a Central Única dos Trabalhadores defende e pelo qual trabalha”, disse.
Antônio Neto, presidente da Central dos Sindicatos Brasileiro (CSB), também saudou a retomada da Política de Valorização do Salários Mínimo, mas ressaltou que é preciso ir além. “São importantes conquistas para a classe trabalhadora após anos de constantes ataques e de arrocho salarial provocada pelo congelamento da tabela que onera milhões de trabalhadores. Apesar de reconhecermos a importância do anúncio, entendemos que é preciso ir além”, disse.
“A CSB defende celeridade na construção de políticas permanentes de reajuste da tabela de Imposto de Renda, para recuperar os mais de 140% de defasagem, e de valorização do salário mínimo, assim como uma profunda revisão da Reforma Trabalhista de 2017, com revogação imediata de itens como o fim da ultratividade, a prevalência de acordos individuais, o fim da homologação nos sindicatos, o comum acordo para suscitar dissídio coletivo e a asfixia financeira das entidades sindicais”, disse Neto.
Para o sindicalista, o caminho para a superação da tragédia imposta pelo governo Bolsonaro “passa por políticas de emancipação e protagonismo efetivo dos trabalhadores, que somente será possível com a revogação das maldades que condenaram milhões de brasileiros à precarização e ao desemprego”.