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De bancos a Lemann, Telles e Sicupira após rombo na Americanas: “é fraude, é crime”

    Escrito por: Redação CUT 

    Banqueiros reagiram com revolta à nota dos bilionários Carlos Alberto Sicupira, Jorge Paulo Lemann e Marcel Telles lamentando o rombo bilionário de R$ 40 bilhões encontrado na Americanas.

    Na nota, divulgada na noite de domingo (22), o trio, que forma o 3G Capital, lamenta “profundamente as perdas sofridas pelos investidores e credores, lembrando que, como acionistas, fomos alcançados por prejuízos”.

    “Eles se dizem vítimas no comunicado. Isso não existe, os três são profissionais. Não viram nada por mais de uma década? É fraude, é crime, não tem discussão”, disseram banqueiros ouvidos pelo blog Neofeed. Segundo eles, o clima nas instituições financeiras é de guerra contra os três bilionários. Leia mais sobre a reação dos banqueiros no final.

    Credores recordam outras escorregadas e escândalos corporativos

    As chamadas “inconsistências contábeis” de bilhões e o pedido de recuperação judicial não surpreenderam quem acompanha o trio bilionário. Segundo a reportagem do o UOL [‘Semideuses do capitalismo’: Lemann e sócios já são tidos como fraudadores’], credores lembraram que o rombo na rede varejista não é a estreia de Lemann e seus sócios, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, na área das escorregadas e escândalos corporativos.

    Só trabalhador perde

    O calote na Lojas Americanas não deve mudar em nada a vida de seus controladores, mas vai pesar na conta dos mais de 100 mil trabalhadores que atuam direta ou indiretamente nas 3.604 lojas físicas da empresa. O alerta foi feito pelo economista e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) João Sicsú a RBA. Ele prevê o “maior prejuízo” do golpe contábil para a categoria se não houver responsabilização.

    Pagamento recorde de dividendos

    As Americanas pagaram dividendos recordes a acionistas em 2022, revela o UOL. De acordo com a reportagem, a varejista pagou R$ 333,2 milhões em dividendos no ano passado até setembro, conforme levantamento do TradeMap.

    Foi o maior valor já distribuído pela empresa nos últimos dez anos, e é maior que o pago por concorrentes diretas.

    Entenda o rombo

    A crise da Americanas veio a público no último dia 11 de janeiro, quando o então CEO Sérgio Rial anunciou a investidores tais ‘inconsistências’ nos balanços da empresa que, segundo ele, chegavam a R$ 20 bilhões.

    De acordo com o executivo, o prejuízo veio, em grande parte, de operações de “risco sacado”, ou forfait, em que são utilizados empréstimos bancários para o pagamento de fornecedores. Esses valores tampouco foram identificados pela auditoria, feita pela consultoria multinacional PwC.

    Em meio ao escândalo, Rial pediu demissão apenas nove dias depois de assumir o cargo.

    As dívidas, que poucos dias depois atingiram a ordem dos R$ 43 bilhões, não haviam sido lançadas nos resultados financeiros da Americanas, ou seja, estavam “escondidas”.

    O trio de bilionários disse que não sabia de nada.

    Reação dos banqueiros

    “Não se trata de uma dificuldade da empresa. É fraude. Querem uma RJ [recuperação judicial] e um haircut de 80%? De jeito nenhum. Vamos partir para a briga e vamos para cima dos três na pessoa física”, promete outro banqueiro.

    “Sem uma grande injeção de capital, não tem conversa. Todos os bancos credores estão indignados com essa situação. O Beto Sicupira é financista e acompanhava a empresa. Agora se diz vítima? Os três abriram mão do controle da companhia sem prêmio em 2021. Tudo muito estranho”, declarou o presidente de um banco afetado pelo rombo da empresa.

    “Me chama a atenção um empresário como o Lemann, aos 83 anos, manchar a biografia dele dessa forma”, afirma o banqueiro, que garante problemas para outras empresas administradas pelo trio. “Ninguém vai dar crédito para a Ambev e para as outras empresas deles. Acabou”.

    “Uma saída que tem sido conversada entre os bancos é a troca da dívida por ações que os três têm em outras empresas. O trio do 3G é acionista da AB Inbev, da Kraft Heinz e tem participações em diversas outras companhias de capital aberto. Outra saída pode ser, após uma injeção de capital, alongar a dívida”, diz a reportagem do blog Neofeed.

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