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Governo despreza “telhado de vidro” de Prates ao confirmá-lo para presidir Petrobrás

    Pouca esperança de que ativos estratégicos sejam recuperados

    Apesar de todas as restrições apontadas pela AEPET e outras instituições comprometidas com a soberania e o desenvolvimento do país, o governo eleito mostrou que está mesmo decidido a assumir o risco de referendar o nome do senador Jean Paul Prates (PT-RN) para o estratégico posto de presidente da Petrobrás. Prates tem ligações com empresas de consultoria na área de petróleo e gás e há conflito de interesses por participar societariamente de outras tantas do mesmo segmento.

    Significa que qualquer iniciativa no sentido de resgatar a companhia para seu papel histórico de indutora do desenvolvimento soberano do Brasil será imediatamente atacada pela mesma mídia que teve atuação fundamental no golpe que derrubou o governo legítimo de Dilma Rousseff, integrante do próprio Partido dos Trabalhadores, que agora lidera uma muito ampla coligação de contrários e ainda precisa conviver com seus conflitos internos.

    Com tamanha vulnerabilidade, fica reduzida a praticamente zero a esperança de que a nova gestão possa recuperar o patrimônio entregue a preço de banana, sobretudo nos períodos de Michel Temer e Jair Bolsonaro. Os dois juntos causaram perdas da ordem de R$ 100 bilhões à Petrobrás, como tem afirmado em várias entrevistas o diretor Administrativo da AEPET Fernando Siqueira. Também fica comprometida a ideia de interromper imediatamente o pagamento de absurdos dividendos, que estão sendo destinados a acionistas estrangeiros e, na fatia do governo, ao pagamento de juros de uma dívida pública que não para de crescer, alimentada por juros altos e operações compromissadas, entre outras armadilhas que o rentismo prepara em nome de uma suposta austeridade.

    Neste sentido, é mais que louvável a iniciativa do geólogo Guilherme Estrella, ex-diretor de Exploração e Produção, que solicitou ao Tribunal de Contas da União (TCU) o bloqueio imediato do pagamento de R$ 21,99 bilhões em dividendos pela empresa a acionistas. Vale lembrar que Estrella convenceu o presidente Lula, ainda em seus primeiros mandatos, a investir na busca do pré-sal. Também neste caso a mídia esteve empenhada em negar a descoberta. Depois atacou os supostamente altos custos de produção, a capacidade de exploração da Petrobrás e agora se mantém firme da ideia de entregar o que a estatal descobriu para exportação sem nenhum valor agregado.

    Também louvável é a iniciativa da Federação Única dos Petroleiros (FUP) e da Associação Nacional dos Petroleiros Acionistas Minoritários da Petrobras (Anapetro), que acionaram a Justiça Federal do Rio de Janeiro contra o pagamento de dividendos (PETR4) previsto para ocorrer nesta quinta-feira (19).

    A AEPET reafirma que irá acompanhar as ações e as omissões do futuro presidente da Petrobrás e reitera suas oito medidas necessárias à retomada da estatal à missão para a qual foi criada.

    Clique aqui para conhecer as oito medidas que a AEPET propõe para que a Petrobrás volte a ser nossa.


    ENERGIZANDO

    * O combativo deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) observa que a empresa de auditoria das Lojas Americanas “é a mesma que aprovou o balanço fraudulento para privatizar a Eletrobras”.

    ** Apenas três dias da despesa com a dívida pública cobririam todo o rombo do chamado orçamento secreto. Trinta dias dariam para financiar o Bolsa Família e os demais projetos sociais e ainda sobraria troco. Quem contabiliza é Paulo Lindesay, coordenador da Auditoria Cidadã Núcleo RJ.

    *** A previsão do pagamento do serviço da dívida para 2023 é de R$ 2,559 trilhões ou 50,87% da Despesa Geral da União. “Um rombo da ordem de R$ 7 bilhões por dia”, observa Lindesay.

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