Por Hora do Povo
O ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno, deu autorização para que uma mulher que já cumpriu pena por tráfico de drogas e foi denunciada pelo Ministério Público por suspeita de receptação de roubo possa explorar ouro numa área de 9,8 mil hectares vizinha à Terra Indígena Yanomami, em Roraima.
Em um dos últimos atos do governo Bolsonaro, Heleno concedeu o chamado assentimento prévio, uma autorização necessária para empreendimentos como mineração na faixa de fronteira, que se estende por uma largura de 150 km.
Como ministro do GSI, o militar da reserva era também secretário-executivo do Conselho de Defesa Nacional – a quem cabe autorizar projetos de mineração na área de fronteira.
O aval à pesquisa de ouro foi publicado na edição de 14 de dezembro de 2022 do Diário Oficial da União (DOU). A informação foi divulgada pelo do jornal “Folha de S.Paulo”.
A exploração do minério na Amazônia foi estimulada no governo Bolsonaro.
Nos últimos anos, a Terra Indígena Yanomami sofreu forte invasão de garimpeiros, com mais de 20 mil contraventores explorando o minério ilegalmente por meio de equipamentos e logística disponibilizados por grupos criminosos que atuam na região Norte do Brasil.
A beneficiária pelo ato do agora ex-ministro, Creusa Melotto, foi denunciada pelo MP do Mato Grosso em 2017 por suspeita de receptação de produtos roubados de uma loja de pneus na cidade de Pontes e Lacerda. Ela chegou a ser presa em flagrante, mas foi solta sob fiança. Sobre o tráfico de drogas, alega que já cumpriu sua pena, na década de 1990.
Dados da Receita Federal mostram que Creusa é presidente da Cooperativa de Exploração Mineral de Mucajaí (Coopercajaí).
Mucajaí é o nome de um dos rios que passam pelo território yanomami. A empresa alega ter capital social de R$ 1,45 milhão e deseja explorar manganês, nióbio, titânio e pedras preciosas.