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MOVIMENTO EM DEFESA DA SOBERANIA NACIONAL

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Lula diplomado: “nossa missão é fortalecer a democracia e fazer do Brasil um país mais justo”

    Presidente eleito foi diplomado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) nesta segunda-feira (12), em Brasília, com o vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin. Está oficializada a vitória de Lula e Alckmin nas urnas

    Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi diplomado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) presidente eleito do Brasil pela terceira vez e se comprometeu, em discurso, em desenvolver o país, em lutar contra a fome e em defender a democracia. A cerimônia também diplomou Geraldo Alckmin (PSB) como vice-presidente eleito da República.

    O evento, conduzido por Alexandre de Moraes, presidente do TSE, contou com a presença da presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Rosa Weber, de Rodrigo Pacheco (PSD-MG), presidente do Senado, de Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara, dos ex-presidentes da República José Sarney e Dilma Rousseff, de seis ministros do STF, do procurador-geral da  República, Augusto Aras, e de diversas lideranças políticas, que demonstraram o apoio à democracia e a confiança nas urnas eletrônicas.

    “É com o compromisso de construir um verdadeiro estado democrático, garantir a normalidade institucional e lutar contra todas as formas de injustiça que recebo, pela terceira vez, o diploma de presidente eleito do Brasil, em nome da liberdade, da dignidade e da felicidade do povo brasileiro”, disse Lula na diplomação.

    Lula falou que reforçou que lutará para “fazer do Brasil um país mais desenvolvido e mais justo, com a garantia de dignidade e qualidade de vida para todos os brasileiros, sobretudo para as pessoas mais necessitadas”.

    Para ele, “democracia é muito mais do que o direito de se manifestar livremente contra a fome, o desemprego, a falta de saúde, educação, segurança e moradia. Democracia é ter alimentação de qualidade, ter emprego, saúde, educação, segurança e moradia”.

    O presidente eleito e diplomado fez uma saudação aos partidos que o apoiaram no primeiro e no segundo turno, que formaram “uma verdadeira frente ampla contra o autoritarismo”, e disse que já na transição está buscando ampliar a aliança para outras legendas.

    Com o gabinete de transição, “tomamos conhecimento do deliberado processo de desmonte das políticas públicas e dos instrumentos de desenvolvimento levado a cabo por um governo de destruição nacional”, informou.

    DEFESA DA DEMOCRACIA

    Lula e o presidente do TSE, ministro Alexandre de Moraes, fizeram discursos rechaçando os ataques que foram feitos contra a democracia e as instituições ao longo dos últimos quatro anos.

    “Quero dizer que muito mais que a cerimônia de diplomação de um presidente eleito, esta é a celebração da democracia. Poucas vezes na história recente deste país a democracia esteve tão ameaçada”, enfatizou o presidente diplomado.

    Lula destacou “a coragem do STF e do TSE, que enfrentaram toda sorte de ofensas, ameaças e agressões para fazer valer a soberania do voto popular” e cumprimentou os ministros das Cortes pela firmeza na “defesa da democracia e na lisura do processo eleitoral nesses tempos tão difíceis. A história há de reconhecer sua coerência e sua fidelidade à Constituição”.

    “Que fique bem claro: jamais renunciaremos à defesa intransigente da liberdade de expressão, mas defenderemos até o fim o livre acesso à informação de qualidade, sem mentiras e sem manipulações que levam ao ódio e à violência política. Nossa missão é fortalecer a democracia”, completou Lula.

    “Os inimigos da democracia lançaram dúvidas sobre as urnas eletrônicas, cuja confiabilidade é reconhecida há muito tempo em todo o mundo, ameaçaram as instituições” e utilizaram ilegitimamente da máquina pública para tentar continuar na Presidência.

    Leia a íntegra do discurso de Lula no TSE:

    Em primeiro lugar, quero agradecer ao povo brasileiro, pela honra de presidir pela terceira vez o Brasil.

    Na minha primeira diplomação, em 2002, lembrei da ousadia do povo brasileiro em conceder – para alguém tantas vezes questionado por não ter diploma universitário – o diploma de presidente da República.

    Reafirmo hoje que farei todos os esforços para, juntamente com meu vice Geraldo Alckmin, cumprir o compromisso que assumi não apenas durante a campanha, mas ao longo de toda uma vida: fazer do Brasil um país mais desenvolvido e mais justo, com a garantia de dignidade e qualidade de vida para todos os brasileiros, sobretudo os mais necessitados.

    Quero dizer que muito mais que a cerimônia de diplomação de um presidente eleito, esta é a celebração da democracia.

    Poucas vezes na história recente deste país a democracia esteve tão ameaçada.

    Poucas vezes na nossa história a vontade popular foi tão colocada à prova, e teve que vencer tantos obstáculos para enfim ser ouvida.

    A democracia não nasce por geração espontânea. Ela precisa ser semeada, cultivada, cuidada com muito carinho por cada um, a cada dia, para que a colheita seja generosa para todos.

    Mas além de semeada, cultivada e cuidada com muito carinho, a democracia precisa ser todos os dias defendida daqueles que tentam, a qualquer custo, sujeitá-la a seus interesses financeiros e ambições de poder.

    Felizmente, não faltou quem a defendesse neste momento tão grave da nossa história.

    Além da sabedoria do povo brasileiro, que escolheu o amor em vez do ódio, a verdade em vez da mentira e a democracia em vez do arbítrio, quero destacar a coragem do Supremo Tribunal Federal e do Tribunal Superior Eleitoral, que enfrentaram toda sorte de ofensas, ameaças e agressões para fazer valer a soberania do voto popular.

    Cumprimento cada ministro e cada ministra do STF e do TSE pela firmeza na defesa da democracia e da lisura do processo eleitoral nesses tempos tão difíceis.

    A história há de reconhecer sua coerência e fidelidade à Constituição.

    Essa não foi uma eleição entre candidatos de partidos políticos com programas distintos. Foi a disputa entre duas visões de mundo e de governo.

    De um lado, o projeto de reconstrução do país, com ampla participação popular. De outro lado, um projeto de destruição do país ancorado no poder econômico e numa indústria de mentiras e calúnias jamais vista ao longo de nossa história.

    Não foram poucas as tentativas de sufocar a voz do povo.

    Os inimigos da democracia lançaram dúvidas sobre as urnas eletrônicas, cuja confiabilidade é reconhecida em todo o mundo.

    Ameaçaram as instituições. Criaram obstáculos de última hora para que eleitores fossem impedidos de chegar a seus locais de votação. Tentaram comprar o voto dos eleitores, com falsas promessas e dinheiro farto, desviado do orçamento público.

    Intimidaram os mais vulneráveis com ameaças de suspensão de benefícios, e os trabalhadores com o risco de demissão sumária, caso contrariassem os interesses de seus empregadores.

    Quando se esperava um debate político democrático, a Nação foi envenenada com mentiras produzidas no submundo das redes sociais.

    Eles semearam a mentira e o ódio, e o país colheu uma violência política que só se viu nas páginas mais tristes da nossa história.

    E no entanto, a democracia venceu.

    O resultado destas eleições não foi apenas a vitória de um candidato ou de um partido. Tive o privilégio de ser apoiado por uma frente de 12 partidos no primeiro turno, aos quais se somaram mais dois na segunda etapa.

    Uma verdadeira frente ampla contra o autoritarismo, que hoje, na transição de governo, se amplia para outras legendas, e fortalece o protagonismo de trabalhadores, empresários, artistas, intelectuais, cientistas e lideranças dos mais diversos e combativos movimentos populares deste país.

    Tenho consciência de que essa frente se formou em torno de um firme compromisso: a defesa da democracia, que é a origem da minha luta e o destino do Brasil.

    Nestas semanas em que o Gabinete de Transição vem escrutinando a realidade atual do país, tomamos conhecimento do deliberado processo de desmonte das políticas públicas e dos instrumentos de desenvolvimento, levado a cabo por um governo de destruição nacional.

    Soma-se a este legado perverso, que recai principalmente sobre a população mais necessitada, o ataque sistemático às instituições democráticas.

    Mas as ameaças à democracia que enfrentamos e ainda haveremos de enfrentar não são características exclusivas de nosso país.

    A democracia enfrenta um imenso desafio ao redor do planeta, talvez maior do que no período da Segunda Guerra Mundial.

    Na América Latina, na Europa e nos Estados Unidos, os inimigos da democracia se organizam e se movimentam. Usam e abusam dos mecanismos de manipulações e mentiras, disponibilizados por plataformas digitais que atuam de maneira gananciosa e absolutamente irresponsável.

    A máquina de ataques à democracia não tem pátria nem fronteiras.

    O combate, portanto, precisa se dar nas trincheiras da governança global, por meio de tecnologias avançadas e de uma legislação internacional mais dura e eficiente.

    Que fique bem claro: jamais renunciaremos à defesa intransigente da liberdade de expressão, mas defenderemos até o fim o livre acesso à informação de qualidade, sem mentiras e manipulações que levam ao ódio e à violência política.

    Nossa missão é fortalecer a democracia – entre nós, no Brasil, e em nossas relações multilaterais.

    A importância do Brasil neste cenário global é inegável, e foi por esta razão que os olhos do mundo se voltaram para o nosso processo eleitoral.

    Precisamos de instituições fortes e representativas. Precisamos de harmonia entre os Poderes, com um eficiente sistema de pesos e contrapesos que iniba aventuras autoritárias.

    Precisamos de coragem.

    É necessário tirar uma lição deste período recente em nosso país e dos abusos cometidos no processo eleitoral. Para nunca mais esquecermos. Para que nunca mais aconteça.

    Democracia, por definição, é o governo do povo, por meio da eleição de seus representantes. Mas precisamos ir além dos dicionários. O povo quer mais do que simplesmente eleger seus representantes, o povo quer participação ativa nas decisões de governo.

    É preciso entender que democracia é muito mais do que o direito de se manifestar livremente contra a fome, o desemprego, a falta de saúde, educação, segurança, moradia. Democracia é ter alimentação de qualidade, é ter emprego, saúde, educação, segurança, moradia.

    Quanto maior a participação popular, maior o entendimento da necessidade de defender a democracia daqueles que se valem dela como atalho para chegar ao poder e instaurar o autoritarismo.

    A democracia só tem sentido, e será defendida pelo povo, na medida em que promover, de fato, a igualdade de direitos e oportunidades para todos e todas, independentemente de classe social, cor, crença religiosa ou orientação sexual.

    É com o compromisso de construir um verdadeiro Estado democrático, garantir a normalidade institucional e lutar contra todas as formas de injustiça, que recebo pela terceira vez este diploma de presidente eleito do Brasil – em nome da liberdade, da dignidade e da felicidade do povo brasileiro.

    Muito obrigado.

     Por Hora do Povo  Publicado em 13 de dezembro de 2022

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