A Editora Contracorrente tem a satisfação de anunciar a publicação do livro O populismo reacionário: ascensão e legado do bolsonarismo, dos pesquisadores e professores Christian Lynch e Paulo Henrique Cassimiro.
Em análise aguda do contexto político nacional contemporâneo – sem, contudo, desconsiderar o cenário internacional –, a obra empreende uma verdadeira radiografia do populismo radical de direita do governo bolsonarista.
Este pode ser caracterizado por uma “ideia reacionária de restauração da ordem” anterior ao processo de redemocratização do país; pela presença massiva de militares na Administração; pela adesão ao negacionismo e a discursos baseados “na linguagem dos afetos ou nas paixões”; pela promoção de vantagens entre familiares; pela conversão de valores reacionários “em termos de políticas públicas”; e pela identificação do presidente Bolsonaro como representante autêntico do culto à família e às tradições do povo brasileiro.
Nesse contexto de inversões e delírios, o próprio Estado de Direito “é reduzido retoricamente pelo populista radical a um simples ardil, por meio do qual uma minoria – o establishment – burla ou viola a democracia em detrimento da vontade do povo, para perpetuar um sistema injusto, porque explorador ou corrompido”.
Nas contundentes palavras dos autores: “enquanto os senhores de engenho levantavam igrejas e protegeriam o povo, viris ‘bandeirantes’ chefiavam milícias de mestiços em expedições pelo sertão adentro para apresar indígenas e buscar riquezas naturais, extraindo da exuberante natureza o máximo que podiam, sem a presença incômoda de um Estado que, de resto, não existia. Daí a atração de Bolsonaro por tudo aquilo que a sociedade brasileira herdou de pior da colonização: o culto da morte e da violência, o autoritarismo, a exploração predatória da natureza, anti-intelectualismo, o personalismo, o patrimonialismo etc. Emissário da vontade providencial do povo, ele acreditava ter chegado ao poder para restaurar a velha e boa ordem, identificada imediatamente com o regime militar”.
Tudo isso torna esta obra uma leitura obrigatória para todos aqueles que desejam compreender melhor o contexto atual.