Petróleo em viés de queda nos mercados internacionais e dólar em baixa no Brasil não inibe lobby pelo aumento dos combustíveis
No ano passado, o preço do diesel ficou sistematicamente acima do preço de paridade de importação (PPI), segundo cálculos de quem não tem interesse financeiro no assunto. Isso também aconteceu em janeiro de 2025. Mesmo assim, o lobby para aumento do preço dos combustíveis ganhou com força as páginas e redes da mídia financista. Nem mesmo a queda do dólar (quase 7% desde o pico de R$ 6,20), nem a contínua retração dos valores dos contratos de petróleo em Londres e Nova York – que têm ficado bem abaixo dos US$ 80 – demoveram os lobistas.
No caso do diesel, há o problema de se levar em conta o preço no mercado norte-americano, mas o Brasil importa a maior parte deste combustível da Rússia, que pratica um valor muito menor. No acumulado de 2023 até julho, a Rússia respondeu por 73% do total importado, seguido por EUA (9%), Emirados Árabes Unidos (6%) e Kuwait (4%).
As importações da Rússia diminuíram nos últimos meses do ano passado devido a sanções mais rigorosas impostas pelos EUA. Mesmo assim, o diesel russo respondeu por 52% das importações brasileiras em outubro. Aliás, quem ganhou espaço no mercado brasileiro, para surpresa de ninguém, foram os Estados Unidos, que abocanharam uma fatia de 30%.
Para ver como o lobby pelo aumento dos combustíveis tem base de barro, até a privatizada Refinaria de Mataripe, na Bahia, controlada pela Acelen, reduziu, nesta quinta-feira (29), o preço da gasolina e do diesel.
Dessa forma, mesmo que a Petrobras seguisse as regras do injustificável PPI – como produtor, o Brasil pode e deve praticar um preço compatível com seus custos de produção – ainda assim não teria motivo para reajustar os combustíveis, como fará a partir deste sábado (1º). Como a estatal já demonstrou, a atual política de preços, ainda que longe do ideal, conseguiu compatibilizar valores estáveis e um gordo lucro.