Além de produzir no pré-sal, a empresa deve investir na exploração da “margem equatorial brasileira”.
O jornal Folha de S. Paulo publicou a matéria “Petrobrás ignora energia limpa para Brasil ser o 4º maior produtor de petróleo no mundo”. Nela, afirma que a Petrobrás planeja investir US$ 3 bilhões em exploração na chamada “margem equatorial”, próxima às Guianas, onde foram feitas grandes descobertas de óleo.
Para o jornal, a iniciativa da Petrobrás vai em contradição ao que disse o presidente Lula de reduzir a emissão de CO2, usando a empresa para investir em energia renovável. Ora, não há dilema entre uma proposta e outra.
Lembremos que o papel basilar da Petrobrás, em sua criação, foi o de investir na exploração e produção de petróleo e seus derivados, de fertilizantes e na oferta de gás natural. Em 1953, não havia qualquer discussão sobre “energias limpas”.
E a Petrobrás executou muito bem sua missão. Primeiro, garantindo nossa autossuficiência na produção de óleo, com a bacia de Campos. E, depois, descobrindo o pré-sal, que garante nossa soberania energética depois do esgotamento dos depósitos de Campos.
Além de desenvolver tecnologias avançadas, premiadas e copiadas mundo afora, para a exploração de petróleo em águas profundas, a Petrobrás sempre colocou sua inteligência tecnológica na busca de novas alternativas energéticas, seja com o etanol, os biocombustíveis de segunda geração, entre outros.
O Brasil não está entre os dez países detentores das maiores reservas de petróleo no mundo – Venezuela, Arábia Saudita, Canadá, Irã, Iraque, Rússia, Emirados Árabes Unidos, Kwait, EUA, e Líbia. Mas na geopolítica do petróleo, grandes reservas não significam grandes produções. E aí entra o Brasil e o papel estratégico da Petrobrás.
Descobertas de petróleo fizeram da Guiana a economia que mais cresce no mundo. Segundo o portal Oilprice.com, a Guiana está passando por um boom petrolífero transformador que está tirando o pequeno país sul-americano da pobreza e transformando-o em um dos maiores produtores e exportadores de petróleo do continente. Em menos de cinco anos desde a primeira descoberta da Exxon em 2015 no Stabroek Block, a Guiana emergiu como a economia de crescimento mais rápido do mundo. Durante 2020, enquanto o resto do mundo lutava contra uma recessão induzida pela pandemia, a Guiana minimizou as consequências para registrar uma taxa de crescimento anual do PIB de 43,5%. Desde então, a economia do país continuou se expandindo a um ritmo notável, crescendo 20% em 2021 e 62% em 2022. É o aumento da produção de petróleo o responsável por essa taxa surpreendente de crescimento econômico. No final de fevereiro de 2023, a Guiana estava bombeando 380.000 barris por dia, com até outros 220.000 barris diários previstos para entrar em operação ainda este ano. É por essas razões que, para 2023, a Guiana será classificada como a economia de crescimento mais rápido do mundo, com previsão de expansão do PIB em impressionantes 37%.
Infelizmente, a Guiana não tem uma estatal a cuidar dos interesses do país. E está totalmente refém das grandes petroleiras.
Por isso é importante o investimento da Petrobrás na busca de novas reservas, que possam complementar o pré-sal. Isto não impede a empresa de seguir investindo em tecnologia para novas fontes energéticas. Mas o peso deste investimento nunca deverá, neste momento, ultrapassar o que se investe em exploração.