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Tarcísio diz que privatizar Sabesp “é meta” do seu governo; trabalhadores repudiam entrega

    O governador eleito de São Paulo, Tarcísio de Freitas, do Republicanos, disse que pretende privatizar a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) e a Empresa Metropolitana de Águas e Energia (Emae), além de rodovias e o Porto de Santos.

    Ele deu a declaração durante um evento promovido por um banco, na quinta feira. Tarcísio afirmou que deve vender primeiro a Emae, que integra a estrutura do governo de São Paulo.

    “Vamos vender a Emae primeiro. Enquanto isso, a gente vai trabalhando naquela que vai ser a grande privatização do estado de São Paulo, que é a Sabesp”, defendeu.

    “Pessoal atacava muito na campanha, dizendo que a conta de água ia aumentar. Mentira, vai diminuir. Porque, primeiro, a empresa vai ser tornar mais eficiente. E é importante privatizar a Sabesp porque, quando a gente compara o custo da Sabesp com o custo regulatório, vai ver que o custo Sabesp é 20% maior que o regulatório e significa que a empresa está perdendo valor ao longo do tempo. O custo por ligação é maior do que para a iniciativa privada, o custo por pessoal é maior do que para a iniciativa privada. Então, faz sentido dar esse passo”, disse.

    Em contato com jornalistas na sexta-feira 25, o ex-ministro de Jair Bolsonaro (PL) confirmou que pode prosseguir com a venda da companhia.

    “Sempre coloquei na campanha que nós iríamos estudar a privatização da Sabesp para saber se esse seria o caminho e traria mais recursos, mais investimento, maior eficiência no prazo mais curto para a gente diminuir o tempo de universalização do saneamento com a menor tarifa. A gente vai realmente começar a estudar isso”, disse o bolsonarista.

    Segundo ele, “se for este o caminho para a sociedade, este caminho é o que a gente vai adotar, e se não for, a gente vai continuar com a Sabesp pública e fazer investimento, mas a gente vai botar um time profissional, um time de mercado na Sabesp e valorizar também a prata da casa, os profissionais que lá estão”.

    Distribuição de caixas-d’água pela Sabesp. Foto: Divulgaçã

    RESISTÊNCIA

    Não há justificativa para privatizar a Sabesp. Atualmente a estatal atende 375 municípios paulistas onde vivem 28,4 milhões de pessoas. É uma empresa de economia mista – de controle estatal, mas com ações negociadas na bolsa. Ela lucrou 1,4 bilhão de reais somente no primeiro semestre deste ano. Em 2021, o lucro chegou a R$ 2,3 bilhões.

    Os trabalhadores da Sabesp desmentem as falácias de Tarcísio de que a estatal não é eficiente. “Não há nenhuma justificativa plausível para privatizar a Sabesp”, diz o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente do Estado de São Paulo (Sintaema), José Faggian.

    Segundo ele, a privatização da empresa vai provocar uma brutal violação de direitos, não apenas dos cerca de 13 mil trabalhadores, mas também do estado e da população.

    “A Sabesp hoje é a maior empresa de saneamento da América Latina, que há mais de 20 anos não tira um real dos cofres do Estado, ao contrário: colocou vários bilhões na forma de dividendos nos últimos anos para que o governo use esse dinheiro para investir em outras áreas”, disse.

    O Sindicato lembra que, na crise sanitária da Covid-19, a empresa promoveu a isenção de tarifas para 2,5 milhões de moradias e suspendeu o corte de fornecimento por inadimplência. Também distribuiu 6.500 caixas d’água e instalou 530 lavatórios públicos. “E se a Sabesp estiver sob o controle privado em meio a mais uma crise sanitária, qual será o valor da conta apresentada à sociedade após a crise?, questiona.

    “Como empresa privada, a Sabesp visará somente a exploração econômica da lucratividade de um bem social: o direito à água tratada e ao saneamento”, diz o dirigente sindical.

    Por Hora do Povo  Publicado em 10 de dezembro de 2022

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